Quão digital deverá ser um(a) secretário(a) de direção? Contributos para a caracterização do perfil deste profissional

Ana Rita Calvão – ESTGA-UA, Sílvia Ribeiro – ESTGA-UA, CLLC, Anabela Simões, ESTGA-UA, CLLC & Sara Carvalho – ESTGA-UA, CLUNL 

O profissional de secretariado do século XXI ocupa uma posição nuclear nas organizações em que se integra, assumindo “um papel mais destacado, mais visível, ativo, interveniente, autónomo e de maior responsabilidade” (ASP, 2012). Como referem Stroman, Wilson e Wauson (2012), estes profissionais estão em constante interação com vários interlocutores da empresa (internos e externos), têm múltiplas responsabilidades e, em determinados contextos, assumem mesmo responsabilidades de gestão (Barros et al, 2013).  

Trata-se, portanto, de profissionais cujas responsabilidades e competências divergem bastante daquelas que lhes eram próprias noutros momentos (Santos, Brunheta, & Franco, 2016). Muitas das alterações associadas ao perfil de secretário decorrem do uso massivo de ferramentas informáticas/digitais em contexto organizacional (Bazin & Broilliard, 2014), as quais vieram transformar completamente o modo como estes profissionais desempenham as suas tarefas (Tuorinsuo-Byman, 2008, p. 127), seja ao nível da comunicação interna e externa, ao nível da produção e da gestão documental, da preparação de reuniões e outros eventos corporativos, entre outros contextos. 

É crucial, assim, (i) perceber se efetivamente as organizações reconhecem a necessidade de integrarem nas suas equipas profissionais com estas competências, (ii) compreender quais as aptidões informáticas e tecnológicas mais valorizadas e (iii) identificar os graus de proficiência digital procurados pelas empresas. Para tal, neste trabalho, analisam-se 352 anúncios de emprego para “Secretário de Direção”, publicados na plataforma Indeed (líder na procura de emprego ao nível mundial), na Alemanha, Espanha, França, Portugal e Reino Unido, durante a primeira quinzena de março de 2019.  

Os dados já analisados corroboram a importância destas competências, na medida em que 71% do total de anúncios recolhidos incluem requisitos a este nível. De entre os cinco países analisados, destaca-se a Alemanha, com cerca de 90% de anúncios a pedirem competências informáticas/digitais. Em todos os países analisados, exigem-se graus de proficiência digital avançados 

Palavras-chave: Secretariado, competências informáticas e digitais, perfil profissional  

Referências:

ASP – Associação de Secretárias Profissionais Portuguesas. (2012). ASP – Associação Portuguesa de profissionais de secretariado e assessoria: uma história “velha” de 33 anos. Recuperado em 12 de março de 2019, de http://www.asp-secretarias.pt/Historia.htm

Barros, C., Silva, J., Lima, G., & Brito, D. (2013). As competências gerenciais desenvolvidas pelos secretários executivos. Revista de Gestão e Secretariado – GeSec, vol. 4(2), pp. 25-47. 

Bazin, D., & Broilliard, A. (2014). Le Guides des Assistant(e)s de A à Z. Paris : Dunod. 

Santos, E., Brunheta, V., & Franco, H. (2016). O Secretariado no Mundo Global. In E. Santos et al. (Coord.), Práxis e Inovação em Secretariado. Castelo Branco: Instituto Politécnico de Castelo Branco.  

Stroman, J., Wilson, K., & Wauson, J. (2012). Administrative Assistant’s and Secretary’s Handbook. New York: American Management Association. 

Tuorinsuo-Byman, S. (2008). European management assistants: Work, challenges and the futureRecuperado em 7 de abril de 2018, from http://www.haaga-helia.fi/sites/default/files/Kuvat-ja-liitteet/Palvelut/Julkaisut/europeanmanagementassistants.pdf