Secretariado virtual em Portugal: que realidade(s)?

Sílvia Ribeiro – ESTGA-UA, CLLC-UA,  Ana Rita Calvão – ESTGA-UA & Marta López Ramos – Academia de Assistentes Virtuais

O uso constante e transversal de tecnologia, nos seus mais variados formatos e aplicações, tem transformado as sociedades, redesenhando o modo como as organizações operam e se relacionam, alterando a maneira como os indivíduos interagem entre si e com as máquinas, redefinindo fronteiras entre as esferas pessoal e profissional e reorganizando formas e espaços de trabalho.

Estas alterações nas práticas laborais têm tido reflexo direto em muitas profissões, nomeadamente nas da área do secretariado/assessoria, cujas funções são atualmente indissociáveis do uso regular de diferentes soluções tecnológicas, seja quando realizadas presencialmente, no seu espaço tradicional in company, seja, de forma ainda mais acentuada, quando em teletrabalho.

Em Portugal, apesar de a opção por teletrabalho, nas suas diversas possibilidades, ainda não ser muito expressiva, tem vindo a crescer em termos de oferta e de procura, percebendo-se também essa uma tímida progressão nos serviços de secretariado/assessoria prestados nestes moldes.

Neste contexto, o presente estudo visa caracterizar o secretariado virtual em Portugal, procurando, mais especificamente, (i) caracterizar, em termos de experiência e formação, os profissionais que atuam neste domínio, (ii) identificar os serviços por eles prestados, (iii) rastrear as competências  necessárias ao exercício da profissão neste contexto virtual, na perspetiva dos profissionais, (iv) tipificar os seus clientes habituais, e (v) identificar as motivações, vantagens e desvantagens associadas à prestação de serviços virtuais, do ponto de vista dos profissionais. A pesquisa, baseia-se, por um lado, na análise e padronização das informações disponíveis online (páginas web próprias e redes sociais) a respeito destes projetos de prestação de serviços de secretariado virtual, e, por outro, na aplicação de um questionário aos profissionais que atuam a este nível.

A análise dos dados, ainda numa fase bastante incipiente, indicia que estes serviços são maioritariamente prestados por mulheres que, atuando como trabalhadoras independentes, asseguram o fornecimento de serviços diversos (atendimento telefónico, gestão de emails/agenda, traduções, …) a start-ups, PME, trabalhadores independentes, particulares. Para estas profissionais, autonomia, espírito empreendedor e flexibilidade/capacidade de adaptação são competências indispensáveis.

Palavras-chave: Secretariado virtual, perfil profissional, digitalização, novas formas de trabalho