Impacto da vida familiar na evolução profissional das mulheres

Ana Luísa Carvalho, Andreia Costa, M.ª Alice Moreira – ESECS – IP Leiria  & Tânia Santos – ESECS – IP Leiria, CICS.NOVA.IPLeiria

A crescente participação da mulher no mercado de trabalho a que se tem assistido nas últimas décadas tem vindo a revelar transformações nas relações sociais de género e novas formas de organização da vida familiar. Ainda assim, a presença das mulheres no mercado de trabalho é não raramente acompanhada por dificuldades de conciliação entre a evolução profissional e a situação familiar.

Debruçando-nos sobre um estudo de caso de um grupo empresarial português de grande dimensão, com atividade no ramo da construção especializada em eletricidade, a investigação proposta visa compreender a perceção das trabalhadoras do género feminino sobre o impacto da situação familiar na sua evolução profissional, assim como identificar constrangimentos na progressão da sua carreira decorrentes da situação familiar.

Os resultados obtidos através da aplicação de um inquérito por questionário a 93% das trabalhadoras revela que as mulheres consideram que a sua preponderância (face ao homem) nas responsabilidades familiares limita a respetiva progressão profissional e a disponibilidade para a mobilidade geográfica. Constata-se que 90% das trabalhadoras solteiras, separadas, divorciadas ou viúvas perceciona que a evolução da sua carreira não é limitada pela situação familiar; pelo contrário, trabalhadoras casadas ou a viver em união de facto assumem alguns impedimentos na evolução profissional, tanto maiores quanto menor a idade dos filhos. Constata-se também que metade das inquiridas casadas ou a viver em união de facto manifesta indisponibilidade para mobilidade geográfica permanente; enquanto que 82% das mulheres com o perfil de solteira, separada, divorciada ou viúva tem disponibilidade para essa mobilidade. Os resultados revelam ainda que as mulheres casadas ou a viver em união de facto e com filhos reconhecem a melhoria das suas capacidades de organizativas e de gestão do tempo decorrente da exigente otimização entre a vida familiar e o contexto profissional.

Palavras-chave: igualdade de género, progressão na carreira, mercado de trabalho.